Enfrentar as violências contra as mulheres (VCM), sobretudo a violência doméstica e sexual requer não só uma práxis multidimensional do fenômeno, mas também a convicção de que para superá-lo é preciso investir no desenvolvimento de políticas que aceleram a redução das desigualdades. Em todo o mundo, são inegáveis os avanços que asseguram cada vez mais direitos às mulheres. No entanto, as desigualdades persistem e ainda estão longe de serem superadas.
No município de Viçosa (MG), até 2009, não existiam políticas ou programas públicos que atuassem diretamente ao enfrentamento à violência contra as mulheres. Todas as ações até então desenvolvidas eram pontuais ou resultaram de projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos no âmbito do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero (NIEG), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria com os serviços municipais.
Em 2010, foi proposto Programa de Extensão “Casa das Mulheres”, que resultou de um trabalho conjunto da Universidade Federal de Viçosa, por meio do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero (NIEG/UFV) e Defensoria Pública de Minas Gerais (Comarca de Viçosa), a partir de questões apresentadas e discutidas no âmbito do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Viçosa.
A partir das ações realizadas pelos eixos: Atendimento às mulheres em situação de violência, Observatório das Violências contra as Mulheres (OVCM), Formação de estudantes e trabalhadoras/es em temáticas relacionadas às desigualdades de gênero e violência, Mobilização e comunicação para enfrentamento à violência. E da participação da equipe de professoras, técnicas, trabalhadoras e estudantes vinculadas à Casa das Mulheres em fóruns de debate em Viçosa e região, o Programa contribuiu para ampliação e para o fortalecimento da rede protetiva às mulheres em situação de violência, criando um modelo de atendimento solidário de atuação em Rede.
E foi assim, a partir de histórias reais, da demanda por acesso aos direitos das mulheres em situação de violência doméstica e sexual e do permanente diálogo com as instituições e trabalhadoras(es) de Viçosa e região, que desenvolvemos a tecnologia social denominada Casa das Mulheres, hoje, um patrimônio da cidade de Viçosa.
Todo trabalho desenvolvido ao longo dos 14 anos da Casa das Mulheres, foi financiado por recursos públicos obtidos por meio da participação em editais. A principal fonte de financiamento foi o Ministério da Educação, por meio do PROEXT (2010-2016). Esse período foi fundamental para construção de uma rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em Viçosa – a Rede Protetiva.
Em 2025, a Casa das Mulheres completará 15 anos de trabalho, desenvolvendo ações para o enfrentamento à violência contra as mulheres no município de Viçosa e região.