sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem ama surra?, pergunta o filme “Amor?”, de João Jardim.

O filme Amor?, do diretor João Jardim, já conhecido por sucessos como A janela da alma e pela co-direção no documentário Lixo extraordinário, indicado ao Oscar de 2011, foi aclamado como melhor filme pelo júri popular no último Festival de Brasília. É sempre curioso observar com mais cuidado filmes que vencem nesta categoria e deixar um pouco de lado a estética da crítica para tentar entender a quantas anda a cabeça do público, o que as toca, que temas ou sensações mexe com ela no momento histórico. Na terça-feira (5) consegui ver o filme de João Jardim, e muitos pontos ficaram claros.

Amor? é uma transposição de casos da vida real para o espaço da representação cinematográfica. Os atores – um time impressionante, incluindo Julia Lemmertz, Lília Cabral e Ângelo Antonio – se transformaram nos homens e mulheres que deram depoimentos ao diretor, falando sobre suas experiências de relacionamentos amorosos costurados com altas doses de violência física e psicológica. E surge a questão: aquilo seria amor?

O diretor não reponde à pergunta e os depoimentos intensos, verdadeiros, feitos por gente de carne e osso, colocam na frente do público a inexorável realidade, onde o problema e sua dimensão complexa ganham forma e toda resposta simples parece imbecil. É impossível sair do cinema sem pensar na violência que está solta nas relações em vários níveis e que não são culpa do homem ou da mulher, mas de uma sociedade que jamais parou para refletir de verdade sobre essa forma doentia de conduzir a paixão, o ciúme, a afirmação, e por que não, o amor. João Jardim aceitou um desafio muito grande e foi original na proposta e no resultado.

João Jardim aparentemente fundou um novo gênero. O filme poderia ser definido como um docu-psicodrama. Ele envolve menos recreação que reflexão.

Coluna de Luís Antônio Giron do Blog Mente Aberta - Revista Época

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=hDckZziiWS0&feature=player_embedded

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