Contar
uma parte de sua história ou sonho costurando com retalhos.
Esta
foi a proposta pedagógica da casa de Mulheres de Viçosa que presta
atendimento às mulheres vítimas de violência.
Eu
a vi pela primeira vez numa ação desenvolvida por um grupo de
estudantes da UFV no Conjunto habitacional onde moro nas Coelhas.
Tratava-se
antes de tudo do desejo de chamar a atenção das pessoas para o que
acontece dentro das famílias que sofrem com a violência familiar.
Suas
maiores vítimas são as mulheres e seus filhos.
Percebi
que as mulheres contavam de forma quase infantil seus dramas, sonhos
desfeitos e planos para o futuro no formato dos desenhos, nas cores
que escolhiam e nas figuras que recortavam.
Elas
desenharam bolsas, onde talvez estivesse tudo o que elas tinham seus
documentos, fotos dos filhos e talvez algum dinheiro.
Quem
sabe sua identidade?
Desenharam
igrejas,
Quem
sabe fosse onde buscassem refúgio?
Uma
casa com um pássaro ameaçador no telhado.
Quem
sabe, o agressor?
Uma
criança num balanço amarrado numa arvore, alguns animais como cães
e gatos. Quem sabe um lar?
Uma
figura acorrentada junto de uma mesa posta para uma refeição e um
casal.
Quem
sabe ilustrando uma relação de poder?
Casas
enfeitadas com borboletas, mais de uma vez.
A
casa poderia significar segurança e liberdade de ser?
Percebi
que alguns detalhes são recorrentes; como a presença de borboletas
nos desenhos como se todas esperassem por uma transformação.
Transformação
de bichinho feio em algo bonito e alado,
Que
tem asas para voar para longe de situações tristes e ameaçadoras.
Quisera
eu saber o significado de todos os desenhos.
Eu
vi e senti uma colcha de retalhos feita por mulheres que sofreram
violência.
Lucinéa de campos
(Moradora do Conjunto Habitacional Benjamin Cardoso - Coelhas)
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