"O “evento” do trote de cunho francamente
AUTORITÁRIO, RACISTA, MACHISTA, VIOLENTO, HUMILHANTE, na Faculdade de
Direito da UFMG e HÁ POUCO PUBLICIZADO apenas nos dá a certeza do
distanciamento absurdo e assustador dessa Faculdade daquilo que se
constitui o espírito da vida universitária.
Encastelados, egocentrados, narcísicos, auto-segregados, egoístas e totalmente distantes da vida comunitária da nossa universidade, e mesmo da própria diversidade social brasileira, que é parte constitutiva da nossa vida comunitária na UFMG, a experiência da “conversão” fanática ao ethos profissional do Direito é levado, nesse trote - como em um pesadelo delirante que, como qualquer sonho, é também uma realização (nesse caso sádico) de um desejo reprimido-, às últimas consequências. Como quem chuta na nossa FACE (ou FAFICH?) que “não queremos negros”, “não queremos mulheres negras”, “não queremos pobres”, queremos só nós mesmos, homens brancos, jovens, bem nascidos, de classes médias e altas, de camisa social e bigodes de nazistas, estes “veteranos” são os representantes legítimos da estupidez que se está a reproduzir e a perpetuar dentro mesmo de nossa universidade.
Rechaçam, mais uma vez (e, infelizmente, nem acredito que será a última), aquilo que se deveria esperar daquelas pessoas que serão, necessariamente e por ofício, na sua futura função, que deveria ser a de lidar com o espírito público, o espírito das Leis, a defesa da cidadania e da justiça. Rechaçam e pisam ruidosamente, sarcasticamente, publicamente, escandalosamente e por pilhéria e por puro desprezo transparentes, inegáveis, indiscutíveis e amplamente “fotografáveis”, a própria igualdade, a democracia e o(s) direito(s). Bons ensinamentos esses, "veteranos" da Faculdade de Direito, não é mesmo?! Vcs andam mesmo a "aprender a lição"!
Infelizmente, não posso dizer que esse “evento” esteja circunscrito à experiência e ao ethos das carreiras no Direito e mesmo nessa Faculdade apenas, ainda que neste ambiente privilegiado, tais “eventos” sejam muito rapidamente perdoáveis e ainda mais rapidamente esquecidos. E isso me entristece muitíssimo.
Foi também na UFMG que se teve um cartaz de evento de travestis e transexuais pixado com a suástica nazista... Foi na UFMG que se teve um muro de uma casa de comércio na Av. Antônio Carlos pixado com dizeres contra as cotas para negros na Universidade... É na mesma UFMG que tenho o desprezo de ter ainda que escutar os veteranos e calouros deos Cursos de Engenharia cantando “1, 2, 3, 4 na FAFICH só tem viado, 4, 3, 2, 1 eles dão para qualquer um”... Foi na UFMG que, em outro trote, uma mulher foi forçada a chupar um cassetete publicamente... Foi na UFMG que um aluno foi agredido fisicamente na moradia estudantil por ter se declarado abertamente homossexual... Ou seja: não se trata, na UFMG pelo menos, de um evento isolado e estranho à nossa cotidiana convivência. Também seria absurdo dizer que estas práticas sejam uma rotina. Ainda bem, não o são, ainda.
Tenho excelentes alunos e alunas - graduandos e pós-graduandos da e na UFMG - estupefatos, indignados e furiosos com tais eventos e lutando, cotidianamente, de sol a sol, entra e sai semestre letivo, e férias, para fazer da UFMG uma Universidade com “u” MAIÚSCULO: um lugar onde a diversidade, o pluralismo, o respeito, a solidariedade, o espírito público e a circulação edificante de idéias e de debates possam, de fato e de direito, florescer.
Mas, seja para as mídias, seja para as autoridades, que deveriam desvelar e tratar desses “eventos” com uma gravidade de ações de resposta à altura e proporcionais à ofensa à dignidade de nosso espírito comunitário em universidade que tais ações efetivamente representam, o que infelizmente temos é a resposta sempre lenta, tímida, administrativo-burocrática, onde não infrequente são “sempre as vítimas as culpadas”, quem denuncia ou se incomoda “são sempre as pessoas sem senso de humor e que não entedem uma boa piada, uma brincadeira”, e quem passa a mão na cabeça o faz justificando que os “jovens são assim mesmo”.
Dai, eu me pergunto: ATÉ QUANDO UFMG? Até quando seremos incapazes de realmente (RE)AGIR, nos omitindo diante dessas mais cristaloinas expressões da barbárie humana entre nós? Da barbárie do racismo? Da barbárie do machismo? Da barbárie da intolerância homofóbica? Da barbária do desprezo a todo diferente e às suas muitas diferenças?
Do espaço abissal que se estabiliza/ou e se perpetua/ou entre distancia da lentidão das nossas (re)ações e a lentidão iunstitucional de alguma rsposta coerente das nossas autoridades competentes, floresce a barbárie entre nós: livre, desenvolta, descarada, desavergonhadamente sarcástica e chutando cotidiamente a nossa face, a nossa fafich...
ATÉ QUANDO UFMG VAMOS VARRER TODA ESSA SUJEIRA PARA DEBAIXO DO NOSSO TAPETE? Até quando vamos nos silenciar e nos omitir diante desses "eventos"!?!
Profa. Marlise Matos
Departamento de Ciência Política
Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS"
Encastelados, egocentrados, narcísicos, auto-segregados, egoístas e totalmente distantes da vida comunitária da nossa universidade, e mesmo da própria diversidade social brasileira, que é parte constitutiva da nossa vida comunitária na UFMG, a experiência da “conversão” fanática ao ethos profissional do Direito é levado, nesse trote - como em um pesadelo delirante que, como qualquer sonho, é também uma realização (nesse caso sádico) de um desejo reprimido-, às últimas consequências. Como quem chuta na nossa FACE (ou FAFICH?) que “não queremos negros”, “não queremos mulheres negras”, “não queremos pobres”, queremos só nós mesmos, homens brancos, jovens, bem nascidos, de classes médias e altas, de camisa social e bigodes de nazistas, estes “veteranos” são os representantes legítimos da estupidez que se está a reproduzir e a perpetuar dentro mesmo de nossa universidade.
Rechaçam, mais uma vez (e, infelizmente, nem acredito que será a última), aquilo que se deveria esperar daquelas pessoas que serão, necessariamente e por ofício, na sua futura função, que deveria ser a de lidar com o espírito público, o espírito das Leis, a defesa da cidadania e da justiça. Rechaçam e pisam ruidosamente, sarcasticamente, publicamente, escandalosamente e por pilhéria e por puro desprezo transparentes, inegáveis, indiscutíveis e amplamente “fotografáveis”, a própria igualdade, a democracia e o(s) direito(s). Bons ensinamentos esses, "veteranos" da Faculdade de Direito, não é mesmo?! Vcs andam mesmo a "aprender a lição"!
Infelizmente, não posso dizer que esse “evento” esteja circunscrito à experiência e ao ethos das carreiras no Direito e mesmo nessa Faculdade apenas, ainda que neste ambiente privilegiado, tais “eventos” sejam muito rapidamente perdoáveis e ainda mais rapidamente esquecidos. E isso me entristece muitíssimo.
Foi também na UFMG que se teve um cartaz de evento de travestis e transexuais pixado com a suástica nazista... Foi na UFMG que se teve um muro de uma casa de comércio na Av. Antônio Carlos pixado com dizeres contra as cotas para negros na Universidade... É na mesma UFMG que tenho o desprezo de ter ainda que escutar os veteranos e calouros deos Cursos de Engenharia cantando “1, 2, 3, 4 na FAFICH só tem viado, 4, 3, 2, 1 eles dão para qualquer um”... Foi na UFMG que, em outro trote, uma mulher foi forçada a chupar um cassetete publicamente... Foi na UFMG que um aluno foi agredido fisicamente na moradia estudantil por ter se declarado abertamente homossexual... Ou seja: não se trata, na UFMG pelo menos, de um evento isolado e estranho à nossa cotidiana convivência. Também seria absurdo dizer que estas práticas sejam uma rotina. Ainda bem, não o são, ainda.
Tenho excelentes alunos e alunas - graduandos e pós-graduandos da e na UFMG - estupefatos, indignados e furiosos com tais eventos e lutando, cotidianamente, de sol a sol, entra e sai semestre letivo, e férias, para fazer da UFMG uma Universidade com “u” MAIÚSCULO: um lugar onde a diversidade, o pluralismo, o respeito, a solidariedade, o espírito público e a circulação edificante de idéias e de debates possam, de fato e de direito, florescer.
Mas, seja para as mídias, seja para as autoridades, que deveriam desvelar e tratar desses “eventos” com uma gravidade de ações de resposta à altura e proporcionais à ofensa à dignidade de nosso espírito comunitário em universidade que tais ações efetivamente representam, o que infelizmente temos é a resposta sempre lenta, tímida, administrativo-burocrática, onde não infrequente são “sempre as vítimas as culpadas”, quem denuncia ou se incomoda “são sempre as pessoas sem senso de humor e que não entedem uma boa piada, uma brincadeira”, e quem passa a mão na cabeça o faz justificando que os “jovens são assim mesmo”.
Dai, eu me pergunto: ATÉ QUANDO UFMG? Até quando seremos incapazes de realmente (RE)AGIR, nos omitindo diante dessas mais cristaloinas expressões da barbárie humana entre nós? Da barbárie do racismo? Da barbárie do machismo? Da barbárie da intolerância homofóbica? Da barbária do desprezo a todo diferente e às suas muitas diferenças?
Do espaço abissal que se estabiliza/ou e se perpetua/ou entre distancia da lentidão das nossas (re)ações e a lentidão iunstitucional de alguma rsposta coerente das nossas autoridades competentes, floresce a barbárie entre nós: livre, desenvolta, descarada, desavergonhadamente sarcástica e chutando cotidiamente a nossa face, a nossa fafich...
ATÉ QUANDO UFMG VAMOS VARRER TODA ESSA SUJEIRA PARA DEBAIXO DO NOSSO TAPETE? Até quando vamos nos silenciar e nos omitir diante desses "eventos"!?!
Profa. Marlise Matos
Departamento de Ciência Política
Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS"
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