quarta-feira, 29 de julho de 2015

Instituto lança plataforma com dados sobre violência contra mulheres

O Instituto Patrícia Galvão, organização social sem fins lucrativos voltada à comunicação e direitos das mulheres, lançou hoje (27) uma plataforma na internet direcionada a jornalistas e comunicadores independentes com dados sobre a violência contra a mulher.

A ferramenta funcionada como um dossiê e entra no ar em agosto, trazendo as últimas pesquisas publicadas sobre assuntos como violência doméstica, sexual, feminicídio e violência de gênero na internet (como a pornografia de vingança). O objetivo é agregar mais conteúdo futuramente e inserir as outras formas de violência. A plataforma traz também um banco de fontes, inicialmente com os contatos de 100 especialistas no assunto.

Um dos papeis do site é facilitar o acesso da imprensa ao material do instituto para diminuir os preconceitos quando o tema surge na cobertura dos veículos de comunicação e apoiar os comunicadores independentes e ativistas.

Jacqueline Pitanguy, da organização não governamental Cidadania, Estudo, Pesquisa Informação e Ação (Cepia), defende que a mídia precisa deixar de julgar com tanta perversidade as mulheres que demoram a sair de uma relação em que sofrem violência doméstica.

“A violência doméstica é repetição e tem uma direção, normalmente os homens batem e as mulheres apanham. Os homens ofendem, as mulheres se sentem humilhadas. É uma destruição também muito frequente do espaço doméstico, que representa o ambiente de segurança. Mas ocorre entre tapas e beijos. Não dá para tratar de violência doméstica, sem tratar da ambiguidade dos sentimentos humanos. Se não entendermos isso, fica muito fácil julgar a mulher”, declarou Jacqueline.

Sérgio Barbosa, professor de filosofia do Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde, que trabalha com homens autores de violência, disse que o perfil dos parceiros que cometem a agressão é recorrente. “Todos que chegam ao coletivo carregam o mesmo perfil, desconheciam que bater em mulher era crime. Chegam resistentes, mas no processo encontram outros homens e a desconstrução da violência também passa por um processo coletivo”. Para o especialista, a imprensa precisa informar que existe também a superação para esses homens.

Aline Yanamoto, Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República, comentou sobre o feminicídio, a morte violenta de mulheres por razão de gênero. O percentual de mulheres assassinadas entre as mortes violentas é 10% no Brasil. “Mas tem uma peculiaridade muito sensível, as mulheres estão mais vulneráveis por serem mulheres. Cerca de 16 países tipificaram o feminicídio, esse cenário vem muito amparado pelo dado gravíssimo de que os países da América Latina estão entre os que mais ocorrem o feminicídio”, disse ela.

Para José Henrique Torres, juiz de Direito Titular da 1ª Vara do Júri de Campinas,“há uma necessidade imensa de que os juízes entendam a dimensão da violência contra a mulher, isso vem de uma ideologia patriarcal que todos conhecem muito bem”, declarou.


Fonte: EBC - Editor Valéria Aguiar

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