terça-feira, 26 de abril de 2011

Carta Aberta da Rede de Homens pela Equidade de Gênero/ RHEG

Realengo e a tragédia dentro da tragédia

É tarefa mais do que delicada escrever a respeito do massacre ocorrido ontem, dia 07 de abril de 2011, na escola Municipal Tasso de Silveira, em Realengo, Rio de Janeiro. Tamanha violência atinge a todos e todas, mas certamente, não conseguimos imaginar e de fato não sentimos a mesma dor de familiares, amigos e amigas, que neste momento enterram as 12 crianças e adolescentes assassinadas ou ansiosamente aguardam a recuperação das 11 ainda internadas.
Até este momento, são 12 crianças e adolescentes mortas e várias outras que foram feridas, sendo que 11 continuam internadas, quatro (04) em estado grave.
As primeiras notícias informavam que o assassino, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, havia atirado “indiscriminadamente na direção de vários adolescentes”, no entanto, aos poucos, ficamos sabendo que o cenário real não foi este. Após divulgada a lista com o nome das vítimas começou a se desvendar a tragédia dentro da tragédia. As vítimas foram executadas com tiros desferidos há uma distância muito pequena e na maioria dos casos, houve uma seleção de quem deveria morrer.
Das 12 vítimas letais, 10 eram meninas entre 12 e 14 anos. De acordo com um aluno de 13 anos, testemunha do crime, “Ele matava as meninas com tiros na cabeça. Nas meninas, ele atirava pra matar. Nos meninos, os tiros eram só para machucar, nos braços ou nas pernas.”
A morte de uma criança ou adolescente é sentida da mesma forma, seja de uma menina ou menino. Toda a população espera a recuperação dos que seguem internados, sejam meninas ou meninos. Mas mesmo assim, não podemos deixar de lado que dentro da tragédia, uma violência de gênero foi perpetrada. O autor, um homem jovem, as vítimas, em sua maioria, do sexo feminino. Estas 10 garotas foram executadas não apenas por estudarem na escola Municipal Tasso de Silveira, mas também pelo simples fato de serem do sexo feminino.
Muito se fala agora do Massacre da escola Columbine (Colorado, Estados Unidos), quando em 1999, dois estudantes, Eric Harris, 18 anos e Dylan Klebold, 17 anos, assassinaram 13 pessoas (oito alunos, quatro alunas e um professor) e feriram 21 (13 alunos e oito alunas).
No entanto, o que aconteceu ontem na escola Municipal Tasso de Silveira lembra ainda mais outro massacre, acontecido em Montreal, em 1989. A diferença entre os acontecimentos é que a nossa tragédia foi perpetrada contra crianças e adolescentes, enquanto que no Canadá, contra adultos jovens.
“Massacre de Montreal”, Canadá, 6 de dezembro de 1989. Marc Lepine (25 anos) entrou numa sala de aula da Escola Politécnica de Montreal, 48 alunas e alunos estavam na sala. Ele sacou um rifle semi-automático do casaco e ordenou que as mulheres ficassem de um lado da sala e os homens no outro, depois, deu tiros para cima e ordenou que os homens se retirassem. Após a saída dos homens, ele começou a executar as mulheres. Saiu da sala e continuou pelos corredores da escola, caçando mulheres. Gritava “Eu só quero as mulheres! Eu odeio as feministas!”. Matou 14 mulheres, feriu outras 13.
Apenas um homem foi ferido. Se matou quando a munição estava perto de acabar.
Falemos das questões psicopatológicas do assassino, falemos de bullying, falemos da segurança das escolas, falemos de religião, falemos da tragédia cotidiana brasileira causada pelo fácil acesso a armas de fogo e munição... mas falemos também da violência de gênero que de fato aconteceu, da violência que foi principalmente direcionada às meninas e garotas desta escola.
Nos perguntemos “Que loucura é essa que prioriza meninas para matar?”. 22 anos depois do Massacre de Montreal, temos tristemente a nossa versão... Que loucura é essa que deseja eliminar meninas, garotas, mulheres? E por que até o momento este lado da tragédia tem sido tão pouco abordado?

A RHEG congrega um conjunto de organizações da sociedade civil que atuam na promoção dos direitos humanos, com vistas a uma sociedade mais justa com equidade de direitos entre homens e mulheres. A Campanha do Laço Branco é a principal ação da Rede, a qual compreende um conjunto de estratégias de comunicação com vistas a sensibilizar, envolver e mobilizar os homens no engajamento pelo fim da violência contra as mulheres.

Integram a RHEG: Instituto Papai (PE), Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE); Instituto NOOS de Pesquisas Sistêmicas e Desenvolvimentos de Redes Sociais (RJ), Instituto Promundo (RJ), Coletivo Feminista (SP), ECOS - Comunicação em Sexualidade (SP), Margens/UFSC e Themis (RS).

www.laçobranco.org.br

terça-feira, 19 de abril de 2011

TJ-RJ aplica Lei Maria da Penha em ação de casal gay .

Segundo TJ-RJ, vítima sofria agressões na casa onde os dois moravam.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aplicou a Lei Maria da Penha em uma ação de lesão corporal envolvendo um casal homossexual. A informação foi divulgada pela assessoria do TJ-RJ, nesta terça-feira (19). Segundo o processo, o juiz Alcides da Fonseca Neto, da 11ª Vara Criminal, concedeu medida protetiva que determina que o ex-companheiro deverá manter uma distância de 250 metros da vítima por tempo indeterminado. Cabe recurso, informou o TJ-RJ.

De acordo com o TJ-RJ, o ex-companheiro está preso, mas já foi expedido um alvará de soltura, sem o pagamento de fiança, que ocorrerá somente mediante à assinatura do réu em um termo de compromisso, no qual ele deverá manter a distância estipulada pelo juiz.

Ainda segundo o TJ-RJ, em três anos de união homoafetiva, a vítima sofreu várias agressões por parte do ex-companheiro. A violência ocorria na casa onde os dois moravam, no Centro do Rio. A última aconteceu no final de março, quando a vítima foi atacada com uma garrafa, causando-lhe diversas lesões no rosto, na perna, lábios e coxa, informou o TJ.

Para o juiz, a medida é necessária, já que tem a finalidade de resguardar a integridade física da vítima.

“Importa finalmente salientar que a presente medida, de natureza cautelar, é concedida com fundamento na Lei 11.340/06, muito embora esta lei seja direcionada para as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher. Entretanto, a especial proteção destinada à mulher pode e dever ser estendida ao homem naqueles casos em que ele também é vítima de violência doméstica e familiar", explicou o magistrado.

Fonte: G1 RJ

domingo, 17 de abril de 2011

Cruzeiro é multado em R$ 50 mil por atos homofóbicos da torcida

A Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) puniu, por decisão unânime, a equipe do Sada/Cruzeiro com multa de R$ 50 mil pelo caso de homofobia de sua torcida contra Michael, meio-de-rede do Vôlei Futuro, durante a primeira partida da semifinal da Superliga masculina 2010/2011.

O time mineiro foi denunciado por "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem sexual", como prevê o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A multa poderia chegar a R$ 100 mil.

Na partida em Contagem, vencida pelo Sada/Cruzeiro por 3 sets a 2, Michael, jogador homossexual assumido, se sentiu assustado e ofendido com os gritos da torcida cruzeirense. “Foi uma coisa que assustou logo no começo, ter uma manifestação assim, tão grande. Era todo mundo gritando ‘gay, bicha’”, disse em entrevista ao iG na semana passada. O Vôlei Futuro enviou vídeos da partida à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e o caso foi encaminhado ao STJD.

Além disso, o Ministério Público de Minas Gerais ainda recolhe informações sobre a partida para saber se toma ou não alguma providência sobre o caso.

Jogo em Contagem decide a série

A série semifinal da Superliga masculina está empatada. Depois da derrota no polêmico jogo em Contagem, o Vôlei Futuro venceu em Araçatuba por 3 sets a 2. Apesar da punição do STJD, o Sada/Cruzeiro segue como mandante da terceira a última partida, na sexta-feira, às 20h30. De acordo com o time, todos os 2000 ingressos que foram colocados à venda na tarde de terça-feira se esgotaram em 35 minutos.

A equipe mineira ainda prepara uma ação para a sua torcida. De acordo com o vice-presidente Alberto Medioli, será uma campanha para lembrar a importância de torcer e apoiar o time, sempre respeitando os atletas e a equipe adversária. Segundo a assessoria do Sada/Cruzeiro, serão colocadas faixas no ginásio e a campanha também será feita nas redes sociais.

Aretha Martins, IG São Paulo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem ama surra?, pergunta o filme “Amor?”, de João Jardim.

O filme Amor?, do diretor João Jardim, já conhecido por sucessos como A janela da alma e pela co-direção no documentário Lixo extraordinário, indicado ao Oscar de 2011, foi aclamado como melhor filme pelo júri popular no último Festival de Brasília. É sempre curioso observar com mais cuidado filmes que vencem nesta categoria e deixar um pouco de lado a estética da crítica para tentar entender a quantas anda a cabeça do público, o que as toca, que temas ou sensações mexe com ela no momento histórico. Na terça-feira (5) consegui ver o filme de João Jardim, e muitos pontos ficaram claros.

Amor? é uma transposição de casos da vida real para o espaço da representação cinematográfica. Os atores – um time impressionante, incluindo Julia Lemmertz, Lília Cabral e Ângelo Antonio – se transformaram nos homens e mulheres que deram depoimentos ao diretor, falando sobre suas experiências de relacionamentos amorosos costurados com altas doses de violência física e psicológica. E surge a questão: aquilo seria amor?

O diretor não reponde à pergunta e os depoimentos intensos, verdadeiros, feitos por gente de carne e osso, colocam na frente do público a inexorável realidade, onde o problema e sua dimensão complexa ganham forma e toda resposta simples parece imbecil. É impossível sair do cinema sem pensar na violência que está solta nas relações em vários níveis e que não são culpa do homem ou da mulher, mas de uma sociedade que jamais parou para refletir de verdade sobre essa forma doentia de conduzir a paixão, o ciúme, a afirmação, e por que não, o amor. João Jardim aceitou um desafio muito grande e foi original na proposta e no resultado.

João Jardim aparentemente fundou um novo gênero. O filme poderia ser definido como um docu-psicodrama. Ele envolve menos recreação que reflexão.

Coluna de Luís Antônio Giron do Blog Mente Aberta - Revista Época

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=hDckZziiWS0&feature=player_embedded

sábado, 9 de abril de 2011

Brasil perde 10% do PIB com a violência contra a mulher

O Brasil perde anualmente cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) como resultado da violência cometida contra as mulheres. O dado foi destacado pela corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, esta semana, durante palestra em homenagem ao Dia Internacional da Mulher na Câmara Municipal de Salvador (BA). Segundo a ministra, a estimativa se refere aos gastos com o sistema de saúde no atendimento às vítimas, à movimentação do aparelho judicial e policial e à interrupção do trabalho das mulheres agredidas. “Precisamos acabar com esse ciclo perverso que coloca nosso país entre os piores do mundo”, alertou a ministra. Eliana Calmon classificou a Lei Maria da Penha (nº 11.340) como um grande avanço no combate a esse tipo de violência no Brasil e na proteção à estrutura familiar, ao estabelecer as prisões em flagrante e preventiva ao agressor, a instauração de inquérito policial e a impossibilidade de desistência por parte da vítima. No entanto, lembrou que ainda há muito que fazer para erradicar o problema no Brasil.

“Em um país com 27 tribunais de Justiça temos apenas 43 juizados especializados em combate à violência contra a mulher, sendo que em três estados eles ainda são inexistentes. Ainda falta consciência sobre a gravidade do problema”, criticou a corregedora nacional. Segundo ela, muitos juizados não possuem estrutura adequada, os policiais carecem de capacitação no atendimento às vítimas, a sistematização de dados ainda é precária, sem contar os problemas sociais, que impedem que muitas mulheres denunciem ou tenham acesso à Justiça.

Para Eliana Calmon, um dos grandes desafios atuais é garantir às mulheres mais pobres o acesso aos seus direitos. “Precisamos superar a estrutura machista que ainda existe no Brasil, assim como o silêncio das vítimas. Não se calem”, pediu a ministra não só às mulheres vítimas de violência, como às pessoas que testemunham esse tipo de agressão.

Fonte:
Mariana Braga
Agência CNJ de Notícias

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Programa de Formação Mulheres e Agroecologia

O Centro de Tecnologias Alternativas – CTA, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero - NIEG/UFV e o Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Ervália, Paula Cândido e Visconde do Rio Branco convidam todas as mulheres para participarem do III Módulo do Programa de Formação Mulheres e Agroecologia onde serão abordados os temas Gênero, Agroecologia e Sócio- biodiversidade.

Nosso encontro acontecerá nos dias 8 e 9 de Abril. No dia 8 será na casa da D. Graça, na Comunidade de Ventania e no dia 9 na EFA Serra do Brigadeiro na Comunidade de Dom Viçoso. O Programa de Formação de Mulheres e Agroecologia acontece desde 2009 buscando fortalecer a organização, a capacitação e a troca de experiências entre as Mulheres na Zona da Mata e Leste de Minas. No ano de 2010 foram realizados os módulos, Gênero, Agroecologia Economia Popular Solidária e Gênero, Agroecologia e Saneamento.

Programação:

1 Dia

9:00 - Café da manhã

Boas-Vindas/ Acolhida

Mapa da Biodiversidade na propriedade (Atividade individual com os mapas que vem sendo construídos pelas mulheres desde o Módulo 1).

Atividade em grupo: Mulheres divididas em 5 grupos para visualizarem e debaterem seus mapas.

11:30 - Almoço

13:00 – Painel da Biodiversidade: Socialização do trabalho em grupo. As mulheres fixarão em um painel as imagens que produziram nos grupos a partir da discussão da Sócio-biodiversidade.

15:30 - Lanche

História da mulher na conservação da Sócio-biodiversidade.

Bate papo Calendário Agroecológico (resgate dos objetivos e sistematização dos calendários agroecológicos)

Bate papo Saneamento – Construção das Fossas Sépticas Biodigestora (apresentação da Kyvia - Sauípe para acompanhar a construção das fossas para @s interessad@s)

19:00 – Jantar

20:00 - Cultural – Sarau de Poesia

Reunião com o Conselho Comunitário (Marcinho)

2 Dia.

6:30 - Café da manhã na EFA

8:00 – Chegada na casa da D. Graça

Intercâmbio: Conhecendo a propriedade (casa, quintal, lavoura). Participação do Martin, abordagem APPs e Serviços Ambientais

Avaliação e Encerramento

13:00 - Almoço

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pacto Municipal de Enfretamento da Violência contra a Mulher em Viçosa

O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Viçosa, juntamente com todas as instituições e serviços que fazem parte do Programa “Casa das Mulheres”, estarão assinando o Pacto Municipal de Enfrentamento da Violência contra a Mulher em Viçosa e região, num evento na próxima terça-feira, dia 5 de abril, as 15h, na Câmara Municipal.

O evento terá a participação da Defensora Pública-Geral de Minas Gerais, Dra. Andréa Tonet, que virá à Viçosa para assinar o documento firmando o empenho da Defensoria do Estado de Minas Gerais nas ações de enfrentamento da violência contra a mulher e no cumprimento da Lei Maria da Penha. Além da Defensora-Geral, também estarão presentes a Reitora da UFV, Profª Nilda Ferreira Soares, o Prefeito de Viçosa Dr. Celito Sari, o Presidente da Câmara Municipal de Viçosa João Batista Teixeira, o Major Almir Cassiano de Oliveira da Polícia Militar no Município de Viçosa e Dr. Carlos Alberto Bastos da Polícia Civil no Município de Viçosa, dentre outras autoridades signatárias do documento.

Esse tipo de iniciativa na região reforça o compromisso da cidade na eliminação de todas as formas de violência e de abusos contra os quais, hoje, as mulheres podem e devem lutar. O Projeto “Casa das Mulheres” está preparado para orientar e dar informações sobre os direitos das mulheres que sofreram algum tipo de violência, sobre a Lei Maria da Penha e sobre os atendimentos nos serviços de psicologia, assistência social e assistência jurídica para auxiliar a mulher nesta situação.

Segundo pesquisa realizada pelo projeto Casa das Mulheres e pelo Projeto Educação para o Trabalho da Vigilância em Saúde da UFV, no período de maio de 2009 a junho de 2010, o mapa da violência contra a mulher em Viçosa apresentou os seguintes dados: foram 497 casos notificados em 14 meses, resultando numa média de pelo menos 35 casos por mês durante o período citado acima. Domingo é o dia da semana que há maior freqüência de ocorrência da violência (19%) e o lugar em mais ocorre é em casa (80%); o segundo é a via pública (8%). O tipo de violência mais praticado é a violência psicológica (34%), seguida da violência física (32%) e a combinação das duas (física e psicológica) aparecendo em terceiro lugar (14%). Em 40% dos casos notificados, a violência já havia ocorrido outras vezes, porém, não havia informação sobre esse item em 51% das fontes. Em 27% dos casos notificados houve prisão e, ou, apreensão do agressor e em 65% não houve. Em 37% dos casos, o agressor é o cônjuge; em 24% o ex-cônjuge; em apenas 9% o agressor foi o filho ou filha.

Infelizmente, ainda há muitos casos que não são notificados. Mas o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher acredita que, com a constituição do Pacto Municipal para o Enfrentamento da Violência contra a Mulher em Viçosa, será fortalecido o compromisso com o acolhimento e o encaminhamento das mulheres para os atendimentos necessários para a superação da situação de violência e o resgate da sua cidadania, contando com a realização de campanhas educativas que ajudem na prevenção da violência doméstica e familiar.